“Não sou criminoso”. A frase foi repetida diversas vezes pelo
cabeleireiro William Roberto Ferreira Costa, de 27 anos, durante
depoimento à Polícia Civil. Suspeito da chacina que deixou seis mortos em um bordel em Jaboticabal (SP), Costa foi preso na quinta-feira (22) e afirmou que está arrependido.
O revólver usado no crime ainda não foi encontrado pelos
investigadores, mas, segundo relato do suspeito, está em um canavial
próximo à casa de prostituição. O cabeleireiro foi transferido para o
Centro de Detenção Provisória (CDP) de Taiúva (SP) nesta sexta-feira (23), onde deverá cumprir a prisão preventiva.
“Estou totalmente arrependido. Não posso voltar a vida de ninguém. Mas,
eu mesmo vi meu erro, vi o que tinha feito, me entreguei, não fugi. Vou
pagar pelo meu erro. E as famílias, eu lamento muito. Não queria, mas,
infelizmente, aconteceu”, afirmou o suspeito.
O suspeito destacou que não tem antecedentes criminais e que é lutador
profissional de MMA. Costa também disse esperar o perdão da mulher e dos
filhos, uma menina de 4 anos e um menino recém-nascido. “Eu espero que
me perdoem e tenham força”, completou.
Motivação
Segundo o delegado Wanderley Santos, testemunhas afirmaram que Costa ficou irritado, após ser rejeitado pela garota de programa
Dione da Silva Lima, de 30 anos, que já estava acompanhada. Por esse
motivo, o suspeito pegou um revólver no carro e passou a disparar contra
as pessoas que estavam no local.
Além de Dione, também foram baleados e mortos a dona do bordel,
Leonilda Lucindo, de 72 anos, a neta dela, Elaine Cristina Lucindo da
Silva, de 29 anos, o empresário Anderson Ricardo Montendor, de 37 anos, o
barman Zacarias Castor Ataídes, de 55 anos, e outra prostituta, Maria
Lucia do Carmo Alvarenga, de 46 anos.
William Robreto Costa se entregou à polícia após chacina em Jaboticabal (Foto: Reprodução/EPTV)
Costa negou a versão da polícia. O cabeleireiro confirmou que estava
com Dione em uma mesa no salão principal, quando o empresário
interrompeu a conversa e levou a garota de programa a um dos quartos.
Nesse momento, outro homem teria se aproximado, fazendo menção de estar
armado. Ele então imobilizou o rapaz e tirou a arma da cintura dele.
“Ele saiu do balcão, veio ao meu encontro, pôs a mão aqui [aponta para a
cintura], daí eu já abracei ele, porque eu não sabia o que ele tinha
ali. Não sabia se era um revólver, uma faca. Minha intenção era só
desarmar ele, mas, do jeito que ele veio, foi muito estranho. Foi uma
reação de me defender. Eu atirei, só que ele saiu correndo”, disse em
depoimento.
Homem atirou contra pessoas que estavam na casa de prostituição (Foto: Antônio Luiz/EPTV)
O suspeito não explicou ao delegado o motivo de continuar atirando nas
demais vítimas, uma vez que o homem já tinha fugido do local. Costa
também afirmou que jogou os projéteis deflagrados por cima do muro do
bordel, mas nenhuma das cápsulas foi encontrada pelos investigadores.
“Eu atirei primeiro nele, sem saber, só pela reação, instintivamente.
Os outros foi (sic)... Não sei, sabe?! Eu estava com a arma na mão e a
adrenalina muito alta, porque eu estava tremendo, e aí atirei. As
pessoas se mexia (sic) e o meu instinto era, enquanto eu podia, ir
apertando o gatilho. Estava nervoso”, afirmou Costa.
Atirador prestou depoimento antes de ser levado ao CDP de Taiúva, SP (Foto: Reprodução/EPTV)
Contradição
Para o delegado, a versão apresentada pelo atirador não condiz com a
verdade. Santos afirmou que os relatos do cabeleireiro foram
contraditórios em diversos momentos, principalmente, quando contou como
matou Dione e o empresário, que estavam em um dos quartos do bordel.
“Quando eu pergunto qual é a motivação, ele responde ‘não sei’. Não
teve motivação. Foi ira, enfim, ele menciona algum sentimento, mas não
teve motivação expressa. São nove testemunhas, todas elas ouvidas
separadamente, com muita responsabilidade, que falam coisas diferentes
do que ele está sustentando”, disse.
Suspeito tinha a intenção de ficar com Dione da Silva Lima, de 30 anos, que acabou sendo morta a tiros (Foto: Reprodução/EPTV)
Ainda de acordo com Santos, a polícia ainda sustenta a hipótese inicial
de que Costa ficou irritado com o fato de Dione estar acompanhada do
empresário. Além disso, as testemunhas também confirmaram em depoimento
que o revólver pertencia ao atirador e estava guardado no carro dele.
“Como é uma situação de homicídio por motivo fútil, banal, torpe, a
gente não pode acreditar que uma pessoa pegue uma arma e saia atirando a
esmo. Então, existe uma investigação que vai corroborar, comprovar e
confrontar todas as versões e todos os detalhes que a gente tem”,
completou o delegado.
Casa de prostituição fica localizada às margens da Rodovia José Pizarro (Foto: Antônio Luiz/EPTV)