segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

MPF investiga coleção de imóveis de pessoas ligadas a Sérgio Cabral


Salas Comerciais, lojas, terrenos. O Ministério Público Federal investiga uma coleção de imóveis, são mais de 20, adquirida por gente de confiança do ex-governador Sérgio Cabral. A suspeita é de que tudo foi financiado pelo dinheiro da corrupção.
O Ministério Público Federal descobriu que o ex-governador Sérgio Cabral e a mulher, Adriana Ancelmo, eram donos de uma fortuna em joias e gastaram pelo menos R$ 6 milhões na compra de 189 peças. Mas a investigação da Pperação Calicute também quer saber como outros acusados de fazer parte da mesma organização criminosa passaram a ser donos de outra coleção: de imóveis.
Segundo o Ministério Público, apartamentos e um prédio de escritórios e lojas teriam sido usados para lavar o dinheiro da propina.
Em Volta Redonda, interior do Rio de Janeiro, um prédio comercial de dez andares ainda não ficou pronto, mas já foi bloqueado pela Justiça.
A incorporadora da obra é a Sulcon construções, materiais e equipamentos. O Fantástico esteve no local, mas ninguém foi encontrado. O ex-secretário de obras de Sergio Cabral, Hudson Braga, virou sócio da empresa no ano passado -- mesmo ano em que o prédio começou a ser construído.
Preso em Bangu, Hudson é acusado de cobrar propina de 1% em três grandes obras: reforma do Maracanã, Arco Rodoviário Metropolitano e o chamado PAC das Favelas.
Até o ano passado, a Sulcon era de Luiz Paulo Reis, que também acabou sendo preso na Calicute. Na sexta-feira (16), os advogados de Luiz Paulo mostraram ao Fantástico uma lista de lojas e salas já vendidas. A lista é de novembro deste ano. A soma dá cerca de R$ 6,5 milhões.
Em nota enviada neste sábado (17) eles afirmam que os valores pagos pelos compradores foram suficientes para a execução da obra. A nota não informa o custo do que já foi construído.
Segundo o registro do empreendimento no cartório do primeiro ofício de Volta Redonda, a “avaliação do custo global da obra é de R$ 16,4 milhões”.
O documento é desta sexta-feira (16). A diferença é de mais de R$ 10 milhões. Para o Ministério Público, a sociedade de Hudson com Luiz Paulo Reis possibilitou “a dissimulação da origem de valores provenientes das infrações penais praticadas por Hudson Braga”.
Outra empresa investigada é a Awa Consultoria e Assessoria Empresarial Limitada. O dono da empresa é Wagner Jordão, que foi assessor de Hudson Braga na Secretaria de Obras.
Depois, foi para a secretaria de governo -- e só foi exonerado ao ser preso, no dia 17 do mês passado. Segundo a investigação, a empresa Awa adquiriu 20 imóveis entre 2011 e 2015.
De alguns, ela adquiriu só uma fração de 25% e quase todos foram pagos à vista. O valor somado das transações é de cerca de R$ 5 milhões.
Procurados pelo Fantástico, os advogados de Sérgio Cabral, Hudson Braga e Wagner Jordão não retornaram as ligações.
Esta é uma das investigações que tentam mostrar como a corrupção tirou pelo menos R$ 224 milhões dos cofres do RJ. Até agora, 13 pessoas são acusadas de participar da organização criminosa que, segundo o Ministério Público Federal, era chefiada pelo ex-governador Sérgio Cabral.
Ainda não se sabe quando, mas o destino de todos eles será decidido em uma sala da Operação Lava Jato no Rio. O coração das operações fica numa sala de acesso restrito, que tem computadores que não estão ligados à rede dos Tribunais Federais.
“A segurança aqui é garantida mesmo. Não tem como vazar qualquer tipo de informação daqui. E só vem pra cá quem efetivamente trabalha nestes processos e nessas operações”, destaca Fernando Antonio Serro Pomba, diretor da Secretária da 7ª Vara Federal Criminal no Rio.
O juiz que cuida dos processos da Lava Jato no Rio, que incluem a operação Calicute, diz que está tranquilo.
“Na Justiça, não faz a menor diferença quem é a pessoa que está sendo investigada. Para isso é importante que o juiz tenha as garantias da sua independência para atuar com liberdade”, comenta Marcelo Bretas, juiz da 7ª Vara Federal Criminal no Rio.
Críticos dizem que os acordos de leniência e as delações premiadas, muito usados pela Lava Jato, não deveriam ser peças fundamentais da acusação. O juiz esclarece: “Não basta uma pessoa vir aqui. Não basta. É preciso que haja provas. Temos que avaliar caso a caso. E a lei, nesse ponto a lei foi muito feliz, ela diz que o juiz não pode condenar apenas com a delação, com a afirmação do sujeito que praticou um crime com a autoridade A, B ou C”, disse.
Fantástico: O senhor acha que a corrupção acaba?
Juiz: Jamais. Isso é inerente ao ser humano, o ser humano erra. Se a população se interessa pela política, ela vai fiscalizar e, se não aprovar, ela tantos em tantos anos a oportunidade de renovar o seu candidato.

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